Cor em Movimento

Em meados de 2017 eu tive a honra de receber o convite para torna-me membro da diretoria da Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina - Seccional São José. O que seguiu-se foi uma série de eventos que trouxeram-se muito aprendizado e bagagem cultural. O que mais fez-se próspero, no entanto, foi a crescente no meu ciclo social. Grandes amizades decorreram desse período e ainda persistem. 

Entre as pessoas que foram imortalizadas junto a mim, na posse que ocorrera em outubro daquele ano, destaca-se a artista plástica e escritora Rute Cardoso. Nos tempos que seguiram-se após a cerimônia de tomada de posse, fomos nos aproximando gradualmente. 

Desde o primeiro contato em que tivemos, percebi que Rute demonstrava muita humildade ao conversar com a mesma tonalidade e com a mesma abordagem com todos. Artistas que interagem muito tendem cada vez mais a aprimorarem suas técnicas, justamente pela possível mudança de visão de mundo que pode decorrer das vivências.

Quando vi os quadros pintados por Rute, tive a plena certeza de que ela tinha muito diferencial: um talento que advinha não só do esforço, mas do amor pela arte. 

As telas que tive a oportunidade de ver, ainda no ano de 2017 me deixaram fascinado. 

Naquela mesma época eu também tive a oportunidade de ler, pela primeira vez, poesias escritas pela minha então já querida amiga. Entretanto, até hoje não sei se ela tem conhecimento das circunstâncias em que fiz aquela leitura. Mas isso não vem ao caso agora.

Muitas coisas mudaram de lá para cá, mas ainda mantive muito carinho por Rute. 

Claro, além do carinho, nutri cada vez mais apreço pela qualidade nas obras dela. As telas sempre demonstram vivacidade, até mesmo quando utiliza cores frias ou neutras. Essa vivacidade é advinda das texturas criadas pelas pinceladas livres e fluidas - a marca registrada da artista.

Valorizando muita a figura feminina, mas sem necessariamente evocar sexismo - mas sim sentimentalismo aflorado e existencialismo -, os quadros de Rute são facilmente identificados como dela. Isso não deve-se à assinatura, mas sim à identidade visual que ela consegue construir com seu estilo único e livre. 

Já trabalhando como jornalista, tive a oportunidade de visitar, pela primeira vez, uma exposição da minha amiga artista. Tratava-se da exposição "Cor e Movimento". 

Fiquei completamente maravilhado por todas as obras e pela maneira como o conceito da exposição era bem trabalhado. Rute certamente tinha evoluído muito, mas sem deixar sua identidade carismática artística.

Claro, aproveitei a ocasião para escrever uma matéria sobre a mostra, afim de publicá-la no veículo para o qual estava prestando serviços como redator. 

Link da matéria: 


Fiquei ainda mais surpreso quando Rute convidou-me para participar de um sarau literário que celebraria o encerramento da mostra. 

O texto, no entanto, teria de ser sobre algum tema que se relacionava-se diretamente com o que estava sendo exposto. Então, aceitando, eu improvisei o título "Vida que dá luz", pensando na maternidade representada em uma das obras.

No dia do sarau eu completei a poesia, bastante simples, porém sincera. Fora muito gratificante prestigiar este momento tão bacana.

A poesia era assim:

Vida que encara a lida
e ainda
dá luz 
à vida.

Vida que vem da
                      luz
e que a reproduz.

Mulher: 
inspiração
à aspiração.

Mulher:
que ilumina
mais do que quaisquer
                     qualquer. 

Foi um pequeníssimo soneto entortado por simplicidade repleta de sentidos filosoficamente contraídos. Fora um prazer muito grande apresentar esses versos e estimular ainda mais a arte local. 

Fotos de algumas das obras (publicadas também no site Guia Floripa, para o qual eu escrevera a reportagem):

 Amor (acima)
 Cor e Alma (acima)
 "O Ser Mulher" (acima)
"Vida" (acima)

Fotografia minha com a Rute:

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